sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

disco

ontem, na chuva que nos pegou desprevenidos e com pressa, sem guarda-chuva e no caminho para um encontro, vi uma mulher sentada na calçada, segurando no colo a filha pequena, estendida como se morta. negras as duas. a mãe chorava muito. parei. a pressa e a chuva chamavam. olhei, ela olhou. continuei.
o que me faz pensar nela agora, não dormir? culpa? dever? era uma cena teatral? arrependimento? por que não dei nem dez reais? mudaria alguma coisa?
a amiga disse que o rio de janeiro é um disco arranhado.
e daí?
o que importa o que senti, o que sinto?
por que não dei dez reais?
o que adianta essa briga interna?
teoria? prática? literatura?
o que tem ela a ver com minhas perguntas?
qual o tamanho do vazio, o colo perdido dos monstros que se escondem, para escutá-los?

2 comentários:

  1. noemi, obrigada pela atençao ao que acontece "quando nada está acontecendo"e pelo pode de traduzir essas brechas fundamentais da vida com tamanha sabedoria e delicadeza. um beijo da amiga, luisa.

    ResponderExcluir
  2. noemi, obrigada pela atençao ao que acontece "quando nada está acontecendo"e pelo pode de traduzir essas brechas fundamentais da vida com tamanha sabedoria e delicadeza. um beijo da amiga, luisa.

    ResponderExcluir